TROPICAOS



I

Do psicodélico à psicanalhice,

do tropicalismo à tropicaretice,

do elitismo estamental,

ao achaque neoliberal,

da estultice do mobral,

ao analfabetismo funcional.

Nesse espaço temporal, 

empreendi uma viagem visceral,

devaneio lúdico,

transcendental.

II

Planei por Macondo de Arcadio, 

dos Buendia

Em voo de condor, trespassei montanhas,

vi em garras de abutres, 

uma cabeça decepada,

numa guerra “Bolivária”,

peleja bruta, 

nada solidária.

III

Contemplei céus de diamantes

com nuvens cor de rosa.

No horizonte cósmico 

me assaltou o brilho 

d’um buraco negro pulsante 

que tudo absorvia.

um rabo de arco íris sibilante,

chicote de chiclete 

que resplandecia,

enquanto o Sargento Pimenta 

em cabeças mais afeitas ,

reluzia.

IV

Nesse campo invernal,

num solo árido, 

semitropical

Uma chama iridescente ardia,

alimentada com mel e ambrosia.

Saciava deuses à revelia.


V

Sob um sol sonâmbulo, 

sombrio,

Embriagado com vinho de acácias

Viajei na corcova das opiáceas, 

cavalguei um Pégaso sem crina

rodei rodopios loucos de bailarina.

Em êxtase, 

extático, 

mergulhei em mel de laranjeira,

sufoquei com pólen das vivandeiras.

Guardei meus sonhos em potes de geladeira,

tupperwares frágeis,

com pesadelos frígidos de frigideira


VI

Sem prece, 

contudo precificado,

orei, 

roguei, 

esperneei.

Reneguei a cruz,

o crucificado.

Pagão, paguei, 

fui excomungado.

Então o céu e tudo

foi apagado.

VII

Mas, 

marciano tímido e marcado

ainda sigo meu caminho,

livre, louco e sobretudo

apaixonado.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Conto de Natal

Iara Amina - Final

Ano Novo