O Estranho Caso da História do Brasil

Como professor de História, todas as vezes que entro no conteúdo "Brasil República", início com uma aula introdutória cujo título é exatamente “Introdução aos Estudos de História do Brasil Republicano”, e começo a aula riscando na lousa uma linha do tempo demarcada de 15 de Novembro 1889 até Hoje.

Rabiscada a tal cronologia com giz colorido dividindo as diversas fases desse período histórico, invariavelmente me vem à mente o roteiro do filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”, a história dum sujeito que já nasce velho e morre bebê. Isto porque a primeira fase dessa história é a Velha República e, pasmem, um século depois acontece a “Nova República”.


Conclusão, explicar e entender a História do Brasil não é fácil, como diria o politicamente incorreto e genial Sérgio Porto, nossa história é um “Samba do Crioulo Doido”.


Na próxima segunda-feira, quinze de Novembro, celebraremos o dia da “Proclamação da República”, o primeiro “coup d’état” promovido pelo exército brasileiro, este sem participação ou apoio da população, ou “povo” como se diz "republicanamente''. 


Nossa república nasceu como “Estados Unidos do Brasil” sob a égide duma corrente de pensamento importada, mas superada na Europa já naquela época, o Positivismo, cujo lema era “L'amour pour principe, l'ordre pour base, et le progrès pour but.” .


Mas, Infelizmente, os homens que proclamaram nossa república logo deixaram claro que não seguiriam o "principe", elemento basilar do pensamento de Auguste Comte, "L'amour", e que se dispunham a impor suas vontades de forma autoritária ao inscreverem de forma imperativa (sic) “Ordem e Progresso”, em nossa Bandeira Nacional.


Sobre nossa bandeira  e sua inscrição gostaria de fazer um registro.


Certa vez, numa época como essa, propus uma atividade aos meus alunos da sexta série do Magali Alonso, escola pública que atende predominantemente a comunidade do Caieiras na Praia Grande, pedi que eles desenhassem uma bandeira do Brasil substituindo a frase "Ordem e Progresso" por uma outra de escolha deles, mas associando a frase escolhida a uma ideia de como deveria ser a República brasileira.


Como resultado dessa atividade aprendi com esses meus pequenos alunos que “Ser Grande é Cuidar dos Pequenos”, frase escolhida por eles.


E para finalizar, o que eu mais gosto nessa aula introdutória é a minha quase sempre fracassada tentativa de cantar o Hino da República, cuja estrofe:


"Liberdade! Liberdade!

abre as asas sobre nós.."


É muito bonita, mas o hino muito clássico para um sujeito sem classe como eu.
Daí, retomando o Sérgio Porto, acabo a aula a passos de samba emendando o enredo da Imperatriz Leopoldinense de 1989, mais afeito a este bugre velho:


Liberdade!, Liberdade!

Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz,
...


 


 


Comentários

  1. Não são poucas aquelas pessoas que confundem "República" com "Democracia". Desde Roma de César, onde ela teve início, até nossos dias, há regras bem definidas sobre quem poderia participar das tomadas de decisão do Estado.

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    1. É isso aí Luciano e saiba você que a época que mais ouvi falar o termo "democracia"? Pasme, foi na época da Ditadura militar, os sujeitos que nos governavam autoritariamente exaltavam a tal da "democracia". Importante que também saibamos que (parafraseando eles) "o preço da liberdade é a eterna vigilância". Valeu e abração.

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