Ano Novo

 Dia desses cruzei com P.R. na P.G.

Apesar de trabalharmos no mesmo colégio, há pelo menos cinco anos que eu não o encontrava, 

Depois dos cumprimentos de praxe, nada de mais importante falamos durante esse nosso rápido encontro

Porém, em seguida, durante o almoço me dei conta de que este ano completo mais de duas décadas atravessando a Ponte Pênsil pelo menos duas vezes por semana.

Acontece que o P.R. é um dos responsáveis por isso, afinal de contas, vinte anos atrás foi ele quem me convenceu e me contratou para dar aulas neste mesmo colégio. 

Durante o almoço voltei à época em que fui contratado.

Lembro que na noite que cheguei ao endereço da, para mim, distante Kennedy, na época uma estreita, interminável e mal iluminada avenida circundada por largas faixas de terra onde estacionávamos de forma desordenada os carros, tive uma má impressão e estava disposto a agradecer o convite e cair fora o mais rápido possível.

Entretanto, como disse no início, P.R. me convenceu e, não pelo hora-aula que não era nada surpreendente, aceitei a proposta. Ocorre que esta semana iniciarei o vigésimo segundo ano de trabalho repito, neste mesmo Colégio.

Escrevo isso, pois quero confessar  que o argumento que o P.R. utilizou para me convencer a aceitar a proposta de assumir as aulas de História do Ensino Médio é muito pertinente ainda nos dias atuais, principalmente em épocas como essa, início de ano. 

Durante a entrevista, disse ele:

Bira, é o seguinte, o que queremos é que você dê aulas, só isso. – e rematou abrindo os braços – Está vendo nossa sala de aula, não tem mesa ou cadeira para o professor, quer dizer, aqui você vem e dá a aula e pronto. Não tem chamada, não tem diário nada disso.

Lembro que isso me animou, mas ainda não convencido, fiz uma pergunta chave:

Ô P.R., diz uma coisa, tem que participar de reunião pedagógica?

Com sorriso irônico, sabendo exatamente o que eu gostaria de ouvir P.R. respondeu:

 Professor, é o seguinte, aqui pra nós você é um “executivo”, quer dizer, queremos que você execute as apostilas e pronto. Não, não tem reunião pedagógica.

Realmente, era o que eu queria ouvir e aceitei o convite.

Assim, fica claro o quanto eu não gosto de reunião pedagógica, principalmente estas que ocorrem no início do ano.

Mas, gostaria de ressaltar que, nos meus cinquenta anos de atividade profissional, uma parte destes atuei como técnico e supervisor de equipes de manutenção em industrias de grande porte. 

E, já nessa fase aprendi que quando não se sabe ou não se quer fazer algo sobre um problema, a saída é: organiza-se uma comissão e agende-se "trocentas" reuniões.

E saibam ainda que, sobre essa estratégia,  mesmo no período em que estive no Japão, participei de algumas reuniões e vi muito japonês pescando em meio a intermináveis falações ininteligíveis para mim é lógico. 

Com isso é evidente que, mesmo antes de atuar como professor, eu já tinha minhas reservas contra "reuniões de trabalho".

 Acontece que, infelizmente, nas quase três décadas que exerço a docência essa aversão contra reuniões de trabalho só aumentou. A maior parte das reuniões pedagógicas que participei, para não dizer todas, foram de uma inutilidade absurda.

Excetuando os salgadinhos, sucos e cafés, normalmente oferecidos nesses eventos, além do encontro divertido com os colegas, coisas sempre saborosas e agradáveis, essas famigeradas reuniões pedagógicas são, no mínimo, improdutivas, para não dizer outra coisa menos elegante.

E, pior, tenho certeza, que tais eventos contribuem sobremaneira para atiçar a crônica gastrite companheira de muitos desses meus colegas (não pelos salgadinhos e sucos, se diga). Colegas estes que tão somente desejam retomar suas atividades de forma tranquila e produtiva.

Pelo menos é isso que desejo a todos nesse ano que se inicia..


Comentários

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    1. Valeu Célia, obrigado pela atenção e comentário. Abração

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  2. Respostas
    1. Sábias não sei, mas não tenha dúvida de que são sinceras. Obrigado pela atenção, abraços.

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