Um Conto de Amor no Dia das Bruxas
Naquela noite, estavam os dois no ponto de ônibus aguardando o Circular Sete quando, depois de um raio que riscou o céu de chumbo, desabou uma chuva torrencial e somente Israel tinha guarda-chuva.
Aconteceu muito rápido a partir dai, foi amor a primeira
vista e arrebatador. Motorista e cobrador do Circular Sete foram convidados
para apadrinhar o compromisso.
A festa na laje da casa do pai de Jezebel foi regada com muito
chope, tubaína, rissoles e juras de amor eterno.
O regabofe se encerrou com Israel enfiando uma aliança de
ouro 18 no dedo anular da mão direita de Jezebel e na mão esquerda, ele
completou entregando um folder propagandeando o lançamento dum prédio na Vila Mathias
junto com um contrato.
Israel já havia pagado a primeira das duzentos e quarenta
prestações dum quarto e sala cujas chaves seriam entregues dali a ano e meio,
no mesmo mês que eles haviam marcado a data de casamento.
No trinta e um de Outubro do ano seguinte, no Dia das Bruxas, época em que as vitrines das lojas se enchem de abóboras com sorrisos cavernosos junto a manequins tenebrosos com caveiras e foices ameaçadoras, o oposto da ingênua e angelical personalidade de Jezebel e Israel.
Românticos e ainda mais apaixonados, eles resolveram trocar presentes de aniversário de um ano de namoro no mesmo ponto de ônibus onde haviam se conhecido.
Dessa vez, a noite era clareada por uma lua cheia, brilhante e
vermelha, augúrio de feitiços e sacrifícios.
Primeiro, Israel entregou sua caixinha embrulhada com papel
laminado decorado com rosinhas douradas, em seguida, Jezebel lhe repassou uma outra caixinha, esta embrulhada
num papel decorado com coraçõezinhos prateados.
Os dois desembrulharam seus presentes ao mesmo tempo e
beijaram-se amorosamente, encantados com seus smartphones Samsung S 20.
Imediatamente passaram a brincar um com o outro enviando recadinhos amorosos
pelo WhatsApp.
Pouco antes do Circular Sete chegar, os dois resolveram
gastar o tempo tirando umas selfies. Entretidos, entre beijinhos e fotos, não
perceberam a aproximação da bicicleta.
Adorei o conto! Ao mesmo tempo em que voce se sente feliz com o casal vem um trágico final pra arrebatar tudo! Hahaha bem como a vida é! Parabéns pelo texto Ubiratan!
ResponderExcluirMuito obrigado Larissa, abraços.
ExcluirMuito bom!
ResponderExcluirQue finallll!
Obrigado Raquel, abraços
ExcluirÉ...assim como estamos aqui, podemos não estar no momento seguinte...texto bem vida real mesmo! Abração!
ResponderExcluirOpa, é isso mesmo Nati, valeu e abração.
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